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A História da Instituição

À Confraria do Santo Crucifixo de Matosinhos do Bispado do Porto, é concedida em Novembro de 1607, uma Bula Papal de Paulo V, pela qual ficou a dita Confraria instituída canonicamente, e agraciada com numerosas indulgências.

No arquivo da Misericórdia encontra-se somente o seu traslado, feito pelo Padre Manuel da Costa Teixeira em 16 de Dezembro de 1848.


Mais tarde, é-lhe concedido o Título de “Real Confraria”, por D. Pedro II, em Alvará de 26 de Agosto de 1688, passado em Lisboa por Domingos Gomes de Araújo, ficando deste modo, a Confraria do Bom Jesus de Bouças, com o seu Compromisso confirmado e garantia régia de seus direitos e privilégios, tendo-se assim concretizado a vontade do seu Juiz e Irmãos.

Este Alvará, faz parte integrante do Compromisso da Confraria do Santo Crucifixo de Bouças datado de 1680, sendo este e um outro datado de 1682, os únicos exemplares de estatutos, pelos quais se começou a regular a Confraria.

Faltava à Misericórdia de Matosinhos formar as instituições necessárias para que através delas pudesse aplicar as suas acções de beneficência e caridade, seu objectivo máximo. Para isso pôde contar com a ajuda de numerosos benfeitores, muitos deles insignes Irmãos desta Confraria, como por exemplo, o Conselheiro Artur da Costa Braga, D. Emília Maia dos Santos Reis, António da Silva Pinheiro, João José dos Reis – 1º Conde de S. Salvador de Matosinhos, e particularmente D. Ana Emília Maia dos Reis Costa Braga, a qual revelando toda a sua grandeza de alma, vendeu em 1918 à Confraria por uma quantia simbólica, o seu magnífico palacete, onde foi instalado o Asilo de Nossa Senhora da Conceição (actual Internato de Nossa Senhora da Conceição).


Este Asilo, que até aqui, funcionava em instalações provisórias, para a substituição das quais em 1895 se fala da formação de uma Comissão Instaladora, pôde na data supracitada, contar com instalações próprias, para desta forma poder dar a meninas pobres protecção, amparo e conforto.


Para ele eram canalizados toda a espécie de donativos, como géneros alimentícios, vestuário, medicamentos, etc.

Também a Instrução foi alvo da atenção desta Confraria, pois através dela o Ser Humano alcança valores mais altos. Será neste contexto que deparamos com a inauguração da Escola Primária do sexo masculino em 1880.


Em Matosinhos, terra voltada para o mar, de tradição piscatória, a sua Confraria não podia alhear-se da necessidade que havia em desenvolver os conhecimentos daqueles que mais tarde se dedicariam à faina do mar. Com esse fim em 1881, è aprovada em Mesa, sendo então Juiz o Conde de S. Salvador de Matosinhos, a criação de uma escola náutica para complemento dos estudos primários, que funcionaria nas mesmas instalações. Infelizmente não temos qualquer conhecimento de que este projecto tenha sido levado a cabo.


Mais tarde, e no seguimento desta obra é inaugurada em 1891, a Escola Primária para o sexo feminino.


Assim, a importância dada pela confraria à assistência cultural, social e económica é reconhecida, e em 1893 pelo Administrador do Concelho fica isenta pela sua acção, do imposto de beneficência, quando despendesse 5% da sua receita em actos de auxílio ao próximo e no ensino primário.


Por fim, cria-se o Hospital Asilo de Santa Violante em 3 de Maio de 1898, o qual viria a ser o expoente máximo da assistência praticada por esta Misericórdia. A fundação deste hospital só foi possível através de abnegadas dádivas materiais, tendo muitas delas contribuído para o contínuo alargamento das suas primitivas instalações. À volta destas foram-se agregando novos pavilhões, destinados a tratamentos de doenças específicas, possibilitados por força de variados legados, com serviços gratuitos a pobres e indigentes como o serviço de Oftalmologia. Outros casos houve em que o Hospital Asilo de Santa Violante cedeu as suas instalações a pedido do Administrador do Concelho em 1889 para tratamento e isolamento dos doentes atacados pela peste bubónica, caso o concelho viesse a ser atingido por esta epidemia. Deste modo a população de Matosinhos pôde até hoje desfrutar do seu hospital, o qual após 1974, por força das circunstâncias, passou a ser administrado pelo Estado.


Depois do 25 de Abril de 1974 e com a nacionalização do Hospital, a Santa Casa, viu-se diminuída na sua prestação de Bem-Fazer, ficando só com o Internato de Nossa Senhora da Conceição – as Escolas da Confraria nesse tempo já funcionavam como Escolas Públicas, sob a laçada do Estado.


Em Janeiro de 1975, tomou posse a primeira Mesa Administrativa presidida pelo Provedor, Dr. Miguel Martins de Oliveira que, durante dezasseis anos geriu os destinos da Instituição, e o âmbito da acção social da Irmandade alargou-se com a construção de novas instalações para o Internato. Logo em seguida foi construída a Casa Mortuária, sem qualquer suporte financeiro de outra entidade pública ou privada a não ser a Santa Casa. Em seguida a grande obra que foi a construção do Jardim de Infância/Creche/ATL “O Paraíso”, inaugurado em 6 de Junho de 1990.


No Bairro da Biquinha iniciou a Misericórdia de Matosinhos, a gestão de uma Creche. Foi também nesse ano que em acordo com o CRSSP tomou ainda a administração e gestão do Centro Infantil de Matosinhos.


No final do século passado, foram ainda concretizados muitos dos anseios dos Irmãos: a instalação do Museu da Misericórdia, inaugurado em 26 de Novembro de 1994; a pavimentação do Adro da Igreja; a abertura do Centro de Dia para a Terceira Idade; a instalação de uma Biblioteca e Arquivo e a recuperação do edifício do antigo Asilo de Nossa Senhora da Conceição.


Já neste século a Santa Casa da Misericórdia de Matosinhos construiu uma modelar Unidade de Diálise. Esta Unidade funciona  em edifício construído para o efeito, situado na Rua da Misericórdia constitui, actualmente, um dos mais importantes estabelecimentos da especialidade situados no nosso País, ombreando com os melhores da Europa. Funciona como Centro de Tratamento de doentes renais crónicos, Unidade de Hemodiálise e Diálise Peritoneal. Tem trinta rins artificiais. Funciona em regime de parceria com a Uninefro – Sociedade Prestadora de Cuidados Médicos de Diálise, S.A..

A construção desta valência médica, para além do seu interesse social, teve em vista a obtenção de rendimentos para esta Santa Casa.


Em 2009 a Santa Casa da Misericórdia inaugurou e colocou em funcionamento a sua Unidade de Diagnóstico e Tratamento. Funciona em edifício construído para o efeito, situado na confluência das Ruas Alfredo Cunha e da Misericórdia. Tem como objectivo a prestação de serviços médicos e, por via disso, a obtenção de receitas para a Instituição. A sua construção representou um grande esforço financeiro para a Santa Casa. Nessa Unidade estão instaladas as valências de Cardiologia, Imagiologia, Análises Clínicas, Medicina Dentária, Otorrinolaringologia, Pediatria, Urologia, Psicologia Clínica, Oftalmologia, Clinica Geral e Familiar, Nutrição e Posto de Enfermagem.